Bolsonaro terá de usar tornozeleira eletrônica por determinação do STF

Bolsonaro terá de usar tornozeleira eletrônica por determinação do STF
Bolsonaro terá de usar tornozeleira eletrônica por determinação do STF

Decisão ocorre após quebra de sigilo telefônico e integra medidas cautelares no processo das joias da Arábia Saudita

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou nesta quarta-feira (17) a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, considerada inédita para um ex-chefe de Estado no Brasil, integra um pacote de restrições no inquérito que apura o destino de joias de alto valor recebidas da Arábia Saudita em 2021.

A decisão, fundamentada no artigo 319 do Código de Processo Penal, decorre diretamente da quebra do sigilo telefônico de Bolsonaro autorizada por Moraes na semana passada. O conteúdo das interceptações, ainda não divulgado publicamente, foi considerado pelo ministro como elemento concreto que justifica o risco à ordem pública e à instrução processual.

Além da tornozeleira eletrônica, Moraes determinou outras medidas cautelares:

  1. Devolução imediata do passaporte: Bolsonaro fica proibido de sair do país.
  2. Proibição de contato com outros investigados: Incluindo auxiliares diretos citados no processo.
  3. Proibição de uso de redes sociais ou fazer declarações públicas sobre as investigações ou autoridades judiciais envolvidas.

O ex-presidente terá 24 horas, a partir da notificação oficial, para cumprir as determinações. O descumprimento acarretará multa diária de R$ 100 mil, além de configurar crime de desobediência.

Contexto Processual: Bolsonaro é alvo de inquéritos no STF relacionados a atos anteriores e posteriores ao seu mandato. O caso específico desta decisão é o das joias recebidas do governo saudita (avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões), que teriam sido retidas pela Receita Federal e cujo destino está sob investigação. As suspeitas giram em torno de possível tentativa de apropriação indébita.

A defesa do ex-presidente, liderada pelo advogado Paulo Bueno, rejeita as acusações e critica a decisão, classificando-a como excessiva e fruto de perseguição política. Alegam que não há qualquer fundamento para as medidas restritivas.

A imposição da tornozeleira eletrônica marca um novo patamar de restrições a Bolsonaro, refletindo a avaliação do ministro relator sobre a gravidade dos indícios e a necessidade de garantir o andamento da investigação.