A plateia, incluindo o próprio Bolsonaro, riu. Sim, o alvo do protesto pareceu se divertir com a serenata
Em um espetáculo que mistura militância, trompete e um toque de humor ácido, Fabiano Leitão Duarte, 45 anos — mais conhecido como “TromPetista” —, provou nesta quarta-feira (26/3) que a criatividade política brasileira não tem limites. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentava explicar ao Senado por que virou réu por “tentativa de golpe”, o músico decidiu embalar o momento com uma marcha fúnebre. Nada como uma trilha sonora dramática para celebrar a justiça — ou para enterrar simbolicamente um governo que, diga-se de passagem, já o prendeu por tentar bloquear blindados em 2021. Coerência é seu sobrenome.
Formado em relações internacionais e especialista em performances de escracho, Fabiano não é novato no ramo do ativismo musical. Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, o trompetista já havia presenteado Brasília com um “Olê, olê, olê, olá” — hino petista clássico — próximo ao CCBB, sede da transição governamental da época. Se não pode vencer nas urnas (5 mil votos em 2022 não bastaram para virar deputado), que seja nas notas agudas.
Desta vez, o repertório foi atualizado: após a marcha fúnebre, partiu para “Tá na Hora do Jair Já Ir Embora”, hit que viralizou em 2022. A plateia, incluindo o próprio Bolsonaro, riu. Sim, o alvo do protesto pareceu se divertir com a serenata. Talvez porque, no fundo, ambos compartilhem o mesmo talento para o teatro: um toca trompete, o outro tocava o caos.
Em entrevista ao Metrópoles, Fabiano justificou o ato como “homenagem aos mortos da ditadura” e “escracho ao governo passado”. Entre os homenageados, citou o tio Francisco Celso Leitão — prova de que o nepotismo, no Brasil, não se restringe à política, mas também às pautas revolucionárias. “Tentativas de golpe não podem ficar impunes”, declarou, enquanto o STF, de fato, parecia concordar ao tornar Bolsonaro réu.
Curiosamente, o ex-presidente interrompeu a coletiva para ouvir a música, como se estivesse diante de um stand-up involuntário. E seguiu seu pronunciamento, talvez ponderando se, no futuro, precisará contratar um DJ de protesto para animar seus comícios.
Enquanto isso, o TromPetista segue sua carreira de artivista — metade artista, metade suplente de deputado —, provando que, no Brasil, a linha entre a militância e a comédia é tão tênue quanto a credibilidade de um candidato com 0,0001% dos votos. Aguardemos seu próximo single: “Sinfonia para um Réu em Liberdade”.
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