Simpósio POLITIZAR discute política de gênero e redes sociais

Partindo do princípio que o movimento feminista é um movimento social na luta pela igualdade entre os gêneros e para promover um melhor entendimento sobre as políticas de gênero e sua difusão nas redes sociais, a edição 2020 do Politizar, promovido pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), tratou o assunto durante o painel de Direitos Humandos na tarde deste sábado, para discutir o tema ‘Redes Sociais e Políticas de Gênero’, com a participação de Marina Barros, Diretora do Instituto Alziras; Daniele Kleiner, Gerente de Bem-Estar para a América Latina no Facebook; Tatiana Lemos, Vereadora; Emília Lucy Nogueira, Presidente do Goianas na Urna, a mediação foi da Professora, Dra. Denise Paiva. O painel foi mediado pela professora Denise Paiva.

A gerente de bem-star para a América Latina no Facebook, Daniele Kleiner, foi a primeira a expor seus conhecimentos sobre políticas e práticas de atuação nas redes sociais. Segundo Daniele, o objetivo do facebook é construir uma plataforma segura e acolhedora para todos, em especial às mulheres. “O bem-estar das pessoas nas plataformas digitais passa pela criação de engenharias de detecção de conteúdos nocivos e desenvolver ferramentas de proteção”, destacou. Dentre outras ponderações, a palestrante ressaltou a importância de investimento nas gerações futuras, por meio do programa cidadão digital, promovido com especialistas de peso de diversos estados para levar educação sobre cidadania digital, educação midiática e combater desinformação. A ideia é chegar a 30 alunos e 3 mil educadores. Nossos jovens embaixadores facilitarão a execução desse projeto, e se quiser participar, inscreva-se cidadaodigital.org.br”, concluiu.

A economista Emília Nogueira é presidente da ONG Goianas na urna, lembrou que a organização surgiu no fim de 2018, com a ideia de atrair e formar mulheres a exercer funções políticas. “Mais do que formar mulheres é preciso construir uma rede segura nesse formato de exposição política, essa é nossa maior preocupação para trabalhar uma exposição protegida e acolhedora para moldar as ambições políticas”, enfatizou.

Para finalizar, a convidada fez uma reflexão sobre a conexão dos ambientes políticos e digitais e suas consequências positivas e negativas. “Como ser um cidadão digital? Eu não sei. Mas isso precisa ser discutido nas unidades escolares para gerar filtros e polarizar a atuação nas redes para evitar prejuízos e não silenciar em casos de violência de gênero, bullying, exposição de imagem e acesso de conteúdos”, concluiu.

Na sequência, Marina Barros, diretora e cofundadora do Instituto Alziras, apresentou números que revelam a atual situação política feminina no Brasil. “90 anos depois da inserção da mulher na vida pública, ainda temos uma baixa representação feminina na política. De acordo com ranking internacional levantado pela ONG Mulheres, o Brasil ocupa a posição 140 de 191 países. Na America Latina, estamos a frente apenas de Belize e Haiti”, pontuou Marina.

Segundo ela, a representação feminina atual se resume a 12% dos cargos eletivos municipais são exercidos por mulheres, geralmente, os menores e mais pobres. Apenas três capitais têm mulheres no Poder Executivo, 13% das cadeiras municipais, 15% do legislativo. “Números que não condizem com a realidade de um país tem quem mais da metade do eleitorado, estudantes universitários e de postos de trabalho formal e informal ocupados por mulheres. Esta é uma situação, no mínimo destorcida da representação política das mulheres”, destacou.

A deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), reforçou que o tema é de extrema relevância porque a participação das mulheres na política e nos espaços de decisões é um grande desafio. “Acredito que as redes sociais são ferramentas importantíssimas para mudar essa realidade, pois possibilitam que pessoas que pensam iguais, que lutam pela garantia dos direitos, por um mundo realmente igualitário e fraterno, possam se conectar e assim criar redes de mobilização. A política só vai ser democrática quando ela representar de fato a sociedade brasileira”, destacou a parlamentar.

A Vereadora Tatiana Lemos (PCdoB), foi a última convidada a explanar sobre o tema e disparou “Ser mulher com uma vida pública ativa… quando estamos na política assessorando o outro somos tratadas com respeito. Quando passamos a dedicar nossa vida à política e dividir espaço com os homens, passamos a ser um problema e somos alvo de ataques e preconceitos”, afirmou.

Em relação aos direitos e posições de acesso à vida pública do universo feminino, a vereadora ressaltou a necessidade de ocupar todos os lugares e espaços pertencentes às mulheres. “Fui agredida na Câmara por não me submeter às imposições machistas e despreparadas por um colega vereador, que não respeitou os meus direitos de discutir um projeto voltado à saúde das mulheres. Isso deixou claro a insignificância do papel das mulheres no parlamento. Precisamos exigir e fazer valer nossos direitos e deveres para se fazer respeitar. Isso vai aumentar a legitimidade das mulheres nos espaços políticos”, finalizou.

O evento virtual contou com grande participação popular nas plataformas digitais e todas as dúvidas e perguntas foram respondidas pela convidadas no final da discussão temática.