PCC distribuía celulares iPhone para líderes e Android para “soldados”. Na quinta reportagem da série especial, a coluna Na Mira revela como funcionava o restrito esquema de comunicação do comando com faccionados
No topo da cadeia alimentar que rege o mundo do crime organizado, as lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) recebem mais do que respeito e devoção dos faccionados. As benesses dos chefões envolvem desde armas poderosas, passando por volumes maiores de dinheiro para movimentar, até equipamentos eletrônicos de ponta.
Na quinta matéria da série “Arquivos Secretos do PCC”, a coluna Na Mira revela uma das regalias mais curiosas que beneficiam os integrantes da cúpula da facção.
Relatórios reservados produzidos por setores de inteligência da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) mostram que os cabeças da facção receberiam celulares iPhone de última geração, enquanto os “soldados”, inferiores hierarquicamente, ficariam com aparelhos mais simples, de sistema Android.
Todos os telefones distribuídos pela organização criminosa aos integrantes dela têm um objetivo fundamental: manter o fluxo de informações dentro do grupo.
Para monitorar o andamento dos crimes praticados, os faccionados desenvolveram uma sofisticada rede de comunicação, com grande compartimentação das informações e limitação do número de interlocutores. Poucos criminosos participam do sistema.
Rede fechada
O objetivo da cúpula do PCC é restringir ao máximo a troca de informações, principalmente para evitar o vazamento de detalhes que envolvam os planos da facção.
Para a devida existência da “rede fechada”, periodicamente, diversos celulares eram comprados com recursos do próprio PCC e distribuídos entre os criminosos.
Uma pessoa específica tinha a atribuição de adquirir os aparelhos e, também, de configurá-los, inserir aplicativos de conversas por mensagens, os contatos que usariam as linhas e entregar os telefones aos destinatários.
A pessoa com a função de preparar os aparelhos se assegurava de que, em cada rede fechada, haveria apenas os contatos dos respectivos participantes, sem que houvesse risco da interação de terceiros no meio.
Confusão de apelidos
Toda a cautela na logística incluía a constante troca de “vulgos” dos criminosos — os codinomes ou apelidos —, o que chegou a gerar confusão entre eles, segundo relatório do MPSP.
Mesmo assim, a constante mudança de apelidos era rotina. Integrantes dos PCC chegaram a usar, em um mesmo intervalo de tempo, vulgos diferentes em aplicativos de conversas diversos.
No sistema de comunicação desenvolvido pela facção, muitas determinações eram transmitidas por intermediários, de modo que uma pessoa de uma rede fechada, às vezes, não tinha contato direto com alguém de outra.
Para permitir a comunicação, as ordens e orientações eram repassadas por algum dos representados, o que evitava o contato direto entre muitas pessoas.
Até pela importância desses integrantes do PCC, as conversas rotineiramente tratavam de milhões de reais ou dólares e de grande quantidade de drogas ilícitas, de espécies diferentes, como cocaína, maconha e anfetaminas. *Com informações do Portal Metrópoles
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