O Palamento goiano conta agora com quatro deputadas, a participação é duas vezes superior à da Legislatura passada. A nova bancada feminina é composta por Bia de Lima, Rosângela Rezende, Vivian Naves e Zeli Fritsche.
Uma Casa, 41 parlamentares, 4 mulheres. Mesmo com participação duas vezes superior à da Legislatura passada, os números mostram que, na dança das cadeiras do Parlamento goiano, o público feminino permanece longe de alcançar um patamar de representação justo e satisfatório. Para driblar a baixa representatividade, as novas deputadas apostam na união de esforços e propósitos para a consolidação de uma bancada forte e atuante na defesa dos direitos sociais e políticos daquelas que, junto a elas, constituem, hoje, mais da metade da população e do eleitorado do estado.
Esse é o sentimento expresso nas falas de Bia de Lima (PT), Rosângela Rezende (Agir), Vivian Naves (PP) e Zeli Fritsche (PRTB). A partir desta quarta-feira, 1° de fevereiro, elas estarão lado a lado, pela primeira vez, ajudando a dar visibilidade e voz às pautas das mulheres goianas no novo Plenário da Alego.
Todas dizem aguardar com otimismo e determinação a estreia em seus respectivos mandatos. Além da defesa das mulheres, cada uma traz, na bagagem, bandeiras particulares de lutas travadas em cada uma de suas trajetórias.
Representante dos trabalhadores da Educação, Bia de Lima expõe seus anseios em favor da categoria. “Há muito tempo que o setor aguardava a oportunidade de ter uma cadeira na Assembleia Legislativa. Vamos lutar por investimentos para a valorização profissional de todos os servidores da área. Isso inclui desde o plano de carreira para os administrativos, até o respeito aos aposentados, que, com a Reforma da Previdência, sofreram prejuízos imensos”, pontuou.
A petista destacou, igualmente, compromisso adicional com a defesa dos trabalhadores em geral. Estendeu, de forma especial, o apoio de seu mandato aos trabalhadores do campo, como forma de reforçar, sobretudo, a importância do fortalecimento da agricultura familiar e da reforma agrária. Bia também disse, por fim, que pretende atuar em prol dos servidores públicos e da garantia do direito à saúde de todas as categorias citadas.
Pedagoga e especialista em educação brasileira, Bia de Lima preside o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), onde finalizou, agora, a sua segunda gestão, e também a regional goiana da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Além da região metropolitana, representa, igualmente, Jataí e arredores.
A advogada e bancária Vivian Naves, que representa Anápolis e região, mencionou compromissos com a pauta social. A intenção é colocar, agora, à disposição de todos os goianos a experiência adquirida e confirmada durante os dois mandatos de seu marido, Roberto Naves, à frente do Executivo anapolino. De 2016 para cá, a progressista destaca como legado a instituição, no município, de um programa de voluntariado que tem garantido assistência em diversos setores a famílias em situação de vulnerabilidade. A defesa e a garantia dos direitos dos idosos, crianças e adolescentes também foram apontadas como importantes bandeiras a integrarem a atuação da deputada.
Já para a odontóloga Rosângela Rezende, o foco de atuação será a área da saúde. O propósito também segue experiência acumulada no ramo, sobretudo a alcançada enquanto gestora municipal em Mineiros, região que representa. A parlamentar, comandou, por duas ocasiões, a Pasta da Saúde no município. Isso aconteceu durante os mandatos de seus progenitores à frente da prefeitura local, primeiramente com a prefeita Laci Machado (2001/2004) e, depois, com prefeito Agenor Rezende (2013/2020), que já havia se destacado como governador (1994-1995) e deputado estadual (1986-1994). Especialista em Saúde Coletiva, Rosângela defende, especialmente, a ampliação do projeto de regionalização e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás.
A ampliação e melhoria da infraestrutura, especificamente a construção, finalização e revitalização de estradas, também é outra bandeira levantada por Rosângela. “Como representante da região sudoeste e do Vale do Araguaia, onde o agronegócio é predominante, entendo que esse é um tema urgente para acelerar o nosso desenvolvimento econômico e, consequentemente, social”, ponderou.
A área ambiental é igualmente apontada como foco de atenção da atuação de Rosângela. Ela adiantou, inclusive, estar sendo um nome fortemente cotado para assumir a Comissão do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Casa. “Sonho em conseguir desenvolver políticas de proteção para o Cerrado e o Rio Araguaia e, ainda, incentivar e valorizar a identidade geográfica dos produtos que saem dos nossos municípios goianos”, projetou.
Vice-prefeita reeleita de Valparaíso de Goiás, na chapa de Pábio Mossoró, a também odontóloga Zeli Fritsche destaca, igualmente, pautas já trabalhadas em seu mandato municipal. As áreas da educação, saúde e assistência social são listadas como as maiores prioridades da futura deputada. “Busco, nessa rede que se entrelaça, o foco na qualidade de vida para todos os goianos, lembrando, de forma especial, dos idosos e das pessoas com deficiências”, salientou a parlamentar, que assume cadeira na Alego representando a região do entorno do Distrito Federal.
Em defesa das mulheres
Ao falarem sobre projetos especialmente voltados para as mulheres goianas, as parlamentares dão voz a uma pluralidade de anseios que, em sua maioria, convergem para a construção de uma agenda comum. Nela estão listadas a preocupação com a atenção à saúde; a independência financeira, via qualificação profissional, e a consequente inserção, com a justa igualdade, no mercado de trabalho; o combate à violência, com a devida punição dos agressores. E, ainda: o incentivo à ampliação da participação na vida política e o alcance da paridade de gênero em todos os espaços de poder e decisão.
Para romper os ciclos de violências a que as mulheres estão cotidianamente sujeitas, Bia de Lima defende políticas públicas com foco na valorização profissional e na punição dos agressores. “O alcance de investimentos conjuntos tanto do Governo Federal quanto Estadual, com a finalidade de garantir formação, emprego e renda, é fundamental para que as mulheres goianas possam ter mais liberdade, autonomia e melhores oportunidades para criarem seus filhos com qualidade de vida, diminuindo a necessidade da dependência de maridos ou companheiros. Aliado a isso, precisamos também exigir a punição dos agressores, porque é a medida que mais educa. A impunidade só facilita aqueles que cometem violências a continuarem persistindo no erro”, observou.
Bia também destacou a importância da formação de lideranças e a luta pela conquista da paridade de gênero em todas as esferas de representação política. Uma luta que, segundo ela, começa por assegurar a devida visibilidade quanto à participação das mulheres na Casa, o que, neste início de Legislatura, implicará na busca por garantir a presença da bancada feminina tanto na Mesa Diretora do Plenário quanto na presidência das Comissões. “O objetivo é mostrar, com continuidade e firmeza, que as mulheres são propositivas e têm competência para a política”, arrematou.
Vivian Naves disse que pretende batalhar para que o modelo de rede de proteção à mulher existente em Anápolis possa ser ampliado para outros municípios goianos. “É um serviço de acolhimento que oferece às mulheres vítimas de violência e seus filhos um ambiente seguro, além de atendimentos com equipe multidisciplinar”, comentou.
Rosângela Rezende manifestou interesse na criação de grupos de trabalho para mapear as necessidades das mulheres goianas e fundamentar o desenvolvimento de projetos futuros capazes de atender cada uma das demandas levantadas. “Creio que esse movimento de empoderamento será fundamental para que as mulheres e mães tenham mais autonomia dentro de suas estruturas familiares, entendam os seus direitos e saibam o que fazer para reivindicá-los”, defendeu.
A parlamentar também mencionou anseio em desenvolver projeto de preparação das mulheres para uma velhice saudável e sem tabus. “O que você vai ser quando envelhecer?” é o nome inicialmente pensado para a campanha, que será voltada a mulheres que estão na meia idade ou já entrando na terceira. “O objetivo é desmistificar essa ideia do envelhecimento como um processo negativo e mostrar que há muito a ser realizado nessa fase da vida, especialmente quando se tem saúde”, argumentou.
Dentre os projetos a serem defendidos na Alego, Zeli Fritsche destacou iniciativas que visam implementar medidas mais eficazes de prevenção à violência contra as mulheres. A igualdade no mercado de trabalho e o direito das mulheres enquanto classe trabalhadora também foram citados, assim como o amparo à agricultura familiar e à mulher camponesa. “Precisamos de programas permanentes de enfrentamento à estiagem nas pequenas propriedades e de políticas públicas voltadas à transição para produção agroecológica, como forma de incentivo à alimentação saudável e também à preservação do meio ambiente”, sublinhou a deputada. *Agência Assembleia de Notícias
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