Em coletiva de imprensa para apresentação de dados sobre a tragédia climática no Rio Grande do Sul, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo criticou dificuldades burocráticas
O prefeito de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Sebastião Melo (MDB) acompanhado de seu vice, Ricardo Gomes e outras autoridades locais concedeu entrevista coletiva neste domingo, 5, para delinear ações e esforços para acolhida e resgate da população afetada por um dos momentos mais críticos da sua história. A cidade, assolada por inundações sem precedentes, tem desencadeando uma crise de grandes proporções. “Este foi o pior desastre climático da história do Brasil e precisar ser tratado com exceção às regras burocráticas”, disse Melo.
O principal objetivo da coletiva de imprensa foi fazer um apelo às autoridades federais para a resolução de problemas burocráticos que estão travando as ações humanitárias e socorristas no Rio Grande do Sul. Durante a coletiva, Sebastião Melo direcionou uma fala diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pontuou: “Eu disse hoje ao presidente Lula, o modelo burocrático nunca deu certo e não vai dar certo agora. Precisamos de uma legislação específica para resolver as questões do Rio Grande hoje. Se eu for cumprir com as leis vigente, o primeiro auxílio humanitário para recuperar a cidade vai chegar daqui a seis meses, aí não tem como. Não adianta dizer que tem dinheiro, se o dinheiro não chega”, além de ressaltar que os municípios precisam de diversos tipos de insumos.
Natural de Piracanjuba, o prefeito citou uma lista de dificuldades enfrentadas durante as enchentes no sul do país. “70% da cidade já está sem água. E eu não tenho como recuperar do jeito que está à altura do rio. Então nós temos que ver o que fazer. Os caminhões-pipas já estão quase sem diesel. O oxigênio está terminando”, disse o prefeito de Porto Alegre.
Por fim, o governador do estado do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite, fez um apelo à sociedade e aos políticos presentes: “Não é hora de procurar culpados não é hora de responsabilidades, a gente vai ter que trabalhar à altura do que o momento histórico nos exige”, destacou.
Apoio
O prefeito Sebastião Melo fez ainda um apelo à solidariedade e ao apoio contínuo da população. Para além disso, o gestor pediu que cessem a disseminação de informações falsas na internet e reforçou que o foco está voltado aos esforços para salvar vidas. Ele também demonstrou expressamente a gratidão às inúmeras organizações e voluntários que têm se dedicado a ajudar, ressaltando que a prioridade é o resgate e a segurança de todos os afetados. Estados como São Paulo e Minas Gerais também ofereceram assistência técnica.
Realidade: 70% dos sulistas estão sem água potável
A situação é grave, com mais de 6.000 pessoas já abrigadas em locais seguros, e uma mobilização massiva de voluntários, o Exército Brasileiro, bombeiros e cidadãos comuns, que têm contribuído com barcos e jet skis para as operações de resgate. O Rio Guaíba chegou à marca histórica de 5,3 metros. Um dos desafios mais críticos enfrentados pela cidade é o abastecimento de água. Atualmente, com apenas duas estações de tratamento em funcionamento, cerca de 70% de Porto Alegre está sem acesso à água potável.
Quanto aos resgates, autoridades locais enfatizam a complexidade das operações que é acentuada pela dificuldade de acesso a certas áreas, tornando as embarcações essenciais para alcançar aqueles que estão isolados. O vice-prefeito Gomes ressaltou a importância da colaboração entre diferentes entidades e a urgente necessidade de mais voluntários que possam disponibilizar barcos. Com 93 bairros afetados, a cidade está em um esforço contínuo para atender às necessidades emergenciais dos cidadãos, incluindo medidas como a suspensão das aulas e apelos para o uso consciente da água.
LEGENDA
O prefeito de Porto Alegre e o governador do RS apresentaram dados do cenário de calamidade ao presidente Lula. Foto: Divulgação
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