Leucemia é o tipo de câncer mais comum na infância

Especialista alerta para a importância do diagnóstico precoce

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, são registrados 12 mil novos casos de neoplasias infantis ao ano. Dentre os tipos mais comuns, estão as leucemias, que afetam a medula óssea e as células sanguíneas. Conforme a hematologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Hatsumi Iwamoto, a doença se divide em quatro tipos principais: a mieloide aguda, a linfoblástica aguda, a mieloide crônica e a linfocítica crônica.

“Os tipos agudos são os que apresentam evolução rápida, com quadro clínico exuberante. As crônicas costumam ter início insidioso e, em alguns casos, são assintomáticas. Já a leucemia linfoblástica aguda é a mais comum em crianças, mas todas as leucemias podem acontecer em qualquer idade”, explica a médica.

De acordo com a especialista, as causas da leucemia ainda não estão bem estabelecidas, mas alguns fatores podem estar relacionados. Dentre os exemplos mencionados, estão a exposição à radiação ionizante, a agrotóxicos e ao benzeno, além da predisposição genética associada a fatores ambientais.

“Quando uma criança tem leucemia, os irmãos apresentam risco um pouco aumentado para desenvolver a doença. Essa chance se torna ainda maior quando se trata de gêmeos idênticos”, ressalta Hatsumi.

Em Goiás, conforme números da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em 2023, foram registrados 36 casos de leucemia em indivíduos abaixo de 20 anos. A taxa de óbitos registrada de 2023 a fevereiro de 2024 foi de 19 pessoas na faixa etária de até 20 anos. O cenário reforça a importância do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento.

Sinais e sintomas

Dentre os sintomas, estão febre, aumento dos gânglios linfáticos e dores ósseas. “Os pacientes também apresentam indícios relacionados à baixa da produção de células sanguíneas, que resultam em anemia, baixa imunidade e plaquetas baixas. Essas alterações, por sua vez, causam cansaço, fraqueza, palidez, manchas roxas na pele e sangramentos pela gengiva e pelo nariz”, elenca, acrescentando que as manifestações são comuns às crianças e aos adultos.

O diagnóstico é feito por meio de exames, como mielograma, imunofenotipagem, cariótipo e outros testes genéticos e moleculares. “Em alguns casos, pode não ser necessária a realização do mielograma, principalmente nos pacientes que apresentam taxas elevadas de células leucêmicas circulantes”, destaca a especialista.

O tratamento consiste em quimioterapia e, em casos selecionados, pode ser indicado o transplante de medula óssea.

Superação

O técnico em enfermagem Yuri Costa conta que passou toda a sua infância em tratamento contra a leucemia. “Fui diagnosticado com dois anos de idade. Tive uma infecção nos olhos e, à época, minha mãe me levou ao hospital em busca de assistência médica”, introduz.
Após diversas internações e prognósticos difíceis, veio o diagnóstico: tratava-se de leucemia. “A partir de então, deu-se início ao tratamento. Foram realizadas transfusões de sangue e sessões de quimioterapia associadas ao uso de diversos medicamentos. Em decorrência disso, tive enfraquecimento de dentes, perda de cabelo e de massa, além de um atraso literal no meu ensino, que acabou retardando meus estudos. Mas, no fim de tudo, graças a Deus, alcancei a cura. Ainda fiquei alguns anos sendo observado pela equipe médica”, relata Yuri.

Para a médica, o diagnóstico precoce é fundamental para a remissão da doença. “Se o diagnóstico for feito precocemente e o tratamento for iniciado rapidamente, as chances de cura em crianças variam em torno de 90%, o que é uma boa notícia. O câncer infantil, de forma geral, possui características próprias e se difere do câncer nos adultos. As células que sofrem mutação respondem melhor à quimioterapia, levando a maiores chances de cura que nos adultos”, finaliza.