Segundo a OMS, uma doação pode salvar até quatro vidas, fornecendo o suporte necessário para cirurgias, tratamentos de câncer, transplantes e emergências médicas
Em um país onde a solidariedade deveria ser uma constante, a doação de sangue ainda enfrenta desafios significativos, especialmente em períodos de férias e durante o inverno. A campanha Junho Vermelho surge como um lembrete da importância desse ato altruísta, fundamental para salvar vidas.
A doação de sangue é um gesto simples, mas de enorme impacto. Uma única doação pode salvar até quatro vidas, fornecendo o suporte necessário para cirurgias, tratamentos de câncer, transplantes e emergências médicas. No entanto, dados recentes indicam que o Brasil ainda está aquém do ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere que entre 3% e 5% da população mundial deve ser doadora regular de sangue. No Brasil, esse número é de apenas 1,8%, segundo o Ministério da Saúde.
A campanha Junho Vermelho, criada para incentivar a doação de sangue durante todo o mês de junho, é uma iniciativa vital para sensibilizar a população sobre a importância de manter os estoques dos bancos de sangue adequados. Este período é estratégico, pois coincide com o início do inverno, época em que as doações tendem a cair devido às baixas temperaturas e ao aumento de doenças respiratórias, que impedem temporariamente a doação.
Segundo Daynara Paiva Vilar, professora de biomedicina da Estácio e mestra em medicina tropical e saúde pública, durante as férias escolares e os feriados prolongados, os bancos de sangue enfrentam uma queda ainda mais acentuada nas doações. “As pessoas viajam, mudam suas rotinas e, muitas vezes, se esquecem da necessidade contínua de sangue nos hospitais. Isso cria um cenário preocupante, especialmente em emergências, quando a demanda por sangue pode aumentar subitamente”, explica.
A pandemia de COVID-19 também trouxe desafios adicionais para os hemocentros. “Medo de contágio e restrições de mobilidade reduziram significativamente o número de doadores nos últimos anos. Embora as medidas de segurança tenham sido intensificadas nos pontos de coleta, é fundamental que a população se sinta segura e encorajada a continuar doando”, cita a biomédica.
Por isso, Daynara comenta que é essencial promover uma cultura de doação regular e consciente. “Campanhas de conscientização, como o Junho Vermelho, são fundamentais, mas devem ser acompanhadas de políticas públicas eficazes que facilitem e incentivem a doação. Empresas e instituições de ensino podem desempenhar um papel importante, promovendo campanhas internas e facilitando o acesso dos funcionários e alunos aos pontos de coleta”, indica.
Para aqueles que nunca doaram, o processo é simples e seguro. “A doação leva cerca de 40 minutos, incluindo a triagem e o tempo de descanso após a coleta. Qualquer pessoa saudável, entre 16 e 69 anos (menores de idade com consentimento dos responsáveis) e com peso mínimo de 50 kg, pode doar. É importante lembrar que a doação não traz riscos ao doador e que o corpo rapidamente repõe o volume de sangue doado”, comenta.
“É hora de superar mitos e medos e entender que doar sangue é um ato de cidadania e empatia. Como sociedade, precisamos nos mobilizar e entender que a responsabilidade pela vida de outros está, em parte, em nossas mãos. A doação de sangue deve ser vista não apenas como uma ação emergencial, mas como um compromisso regular e contínuo”, finaliza a docente.
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