Especialista alerta: apostar em bets não é investimento

Especialista Dov Gilvanci alerta - apostar em bets não é investimento
Especialista Dov Gilvanci alerta - apostar em bets não é investimento

Pesquisas mostrando que brasileiros com menor poder aquisitivo já destinam cerca de 10% do seu orçamento doméstico a essa atividade

Especialistas alertam para os riscos financeiros envolvidos em jogos de aposta e aplicativos de sorte, como as bets, Tigrinho, Leãozinho e Rapozinha, entre tantos outros. Dov Gilvanci Levi, Gestor Global de Investimentos e especialista em mercado de capitais e CEO do Grupo Gennesys e da Zahav Investments Limited, afirma que esses jogos não são uma via viável para alcançar prosperidade financeira.

Dov Gilvanci, que possui 31 anos de experiência no mercado financeiro e gestor global de investimentos da Zahav Investments, destaca que a ilusão de ganhos rápidos pode levar a graves consequências financeiras. “Nos últimos 12 meses, as bets arrecadaram cerca R$ 24 bilhões, mas pagaram apenas R$ 200 milhões em prêmios. Isso representa menos de 1% do total arrecadado”, explica. “Esse modelo de negócio está prejudicando a economia e levando as pessoas a comprometerem suas finanças com falsas promessas de riqueza.”

Dados do Banco Central corroboram a preocupação de Dov Gilvanci, revelando que os brasileiros, especialmente aqueles com menor poder aquisitivo, estão alocando cerca de 10% de seu orçamento doméstico em apostas. Ele alerta que a falta de educação financeira contribui para esse comportamento, com 78% das famílias brasileiras endividadas devido à má gestão financeira e à falta de conhecimento sobre investimentos seguros.

“Em vez de investir em apostas, é mais sensato alocar recursos em aplicações e investimentos seguros de longo prazo. A imediata busca por estabilidade financeira frequentemente resulta em endividamento, pois as pessoas não compreendem que a verdadeira prosperidade vem de investimentos planejados e não de jogos de azar”, afirma Dov Gilvanci.

Essa preocupação é compartilhada pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento. Em entrevista recente à InfoMoney, Nascimento destacou que o impacto das bets é alarmante. “Não estamos falando apenas de esvaziar o mercado de capitais, mas de esvaziar a geladeira dos brasileiros”, afirmou durante a 25ª Conferência Anual Santander em São Paulo. Ele acrescentou que as bets têm um espaço definido como entretenimento, mas que é crucial promover uma maior consciência financeira para proteger os mais vulneráveis.

Dov Gilvanci reforça que os aplicativos de apostas não devem ser confundidos com investimentos sérios de capitais. “Eles são essencialmente jogos de azar, criados para explorar a falta de informação e esperança dos consumidores. A verdadeira prosperidade financeira é alcançada por meio de investimentos conscientes e não por atalhos ilusórios”, conclui.

O tema é tão sensível que em meio à explosão desse mercado de bets, uma proposta do Ministério da Fazenda para a criação de uma força-tarefa contra o vício nos jogos está há um ano na gaveta. No segundo semestre de 2023, a pasta sugeriu a criação de um grupo de trabalho interministerial para atuar na prevenção e no tratamento do vício em apostas esportivas – com alertas sobre a dependência patológica, a chamada ludopatia.

O Jornal Estadão teve acesso à minuta de decreto proposto pela equipe econômica no ano passado. No documento, a Fazenda afirma que o tema exige: “Atenção imediata do poder público e que o transtorno do jogo patológico constitui uma das maiores ameaças ao crescimento da indústria das apostas”, e completa que já movimenta R$ 100 bilhões no País, segundo projeções.

Na exposição de motivos do decreto, enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assinada pelo ministro Fernando Haddad, destacou-se a necessidade de: “Se endereçar, com urgência e vigor, a influência deletéria que a exploração do mercado de apostas esportivas pode ter sobre os apostadores”, e afirma que: “Os esforços públicos demandam atuação coesa, firme e coordenada de vários órgãos e agentes”.

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Patricia Santana