Diretor de Logística da Comurg depõe à CEI na Câmara Municipal

Ronaldo Macedo respondeu a questionamentos sobre contratos, frota de veículos, cargos e salários e coleta de lixo durante reunião da CEI da Comurg na última segunda-feira, 17

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Goiânia, que investiga supostas irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) ouviu o diretor de Logística do órgão, Ronaldo Macedo, na última segunda-feira, 17, na condição de testemunha.

O diretor que ocupa a função há quase dois anos, foi questionado pelos vereadores basicamente sobre quatro questões principais: as condições da atual frota de veículos da Comurg e detalhes sobre sua manutenção; contratações, critérios de escolha de gestores e fiscais de contratos, cargos, salários e desvios de funções na Diretoria de Logística; fluxograma e funcionamento da coleta de lixo na capital; e contratos específicos, com fornecedores, relacionados a peças, pneus e combustíveis. 

Logo no início da reunião, o diretor de Logística da Comurg teve de explicar aos membros da CEI quais foram os critérios de escolha do atual gestor do contrato de R$ 170 milhões da companhia com a Rede Sol, Fabrício Sotto. De acordo com o Diário Oficial do Município (DOM), Sotto foi nomeado gestor do contrato 007/2022, no valor mencionado, para aquisição de combustíveis, com o objetivo de abastecer a frota de veículos da empresa. A prestação do serviço se dá por meio de contrato por demanda pelo Sistema de Registro de Preços, firmado com a Rede Sol Fuel Distribuidora S/A, vencedora da concorrência. O que levanta suspeitas entre os vereadores que integram a Comissão Especial de Inquérito é a relação de amizade entre Fabrício Sotto e o atual diretor financeiro da Comurg, Adriano Renato Gouveia. Ambos são naturais do Estado de São Paulo. 

“Um contrato tão vultoso como esse, entregue nas mãos de um desconhecido?”, perguntou o vereador Ronilson Reis (PMB), presidente da CEI. Ronaldo Macedo afirmou estar satisfeito com a escolha de Sotto para gerir o contrato e alegou desconhecer indicações, no caso. Segundo ele, o processo passou pelo Recursos Humanos (RH) da Comurg e houve entrevista – quando os dois teriam se conhecido -, após apresentação de currículo. “Foi uma decisão muito discutida pela Diretoria, essa, de trocar a forma de termos o combustível; de tirá-lo dos postos e trazer para dentro da Comurg. Cabia muita responsabilidade. Por isso, trato essa questão de perto”, ressaltou o diretor de Logística. Macedo assegurou que a fiscalização do contrato é frequente e direta e que, até hoje, não ocorreram problemas, queixas ou denúncias. “Acredito que ganhamos muito mais que perdemos”, considerou. 

Frota antiga

No que diz respeito aos veículos da Companhia de Urbanização de Goiânia, o diretor de Logística declarou que o envelhecimento da frota é um problema, gerando prejuízos à empresa. “Estamos sempre nos equilibrando entre 50 e 60 caminhões ativos e em torno de 47 parados, em oficina, ou no pátio, aguardando uma peça ou passando por reparos. Enviamos guincho para dois ou três caminhões por dia; há muito estrago durante o trabalho”, argumentou Ronaldo Macedo. 

Conforme citou o diretor, a empresa conta, atualmente, com 20 caminhões Ford 2013/2014; 40 caminhões Volvo, de 2014; e 49 Mercedes, mais novos, de 2019. “Estragam e nós consertamos”, frisou. “Temos 50 trabalhando hoje, mas não são os mesmos que estavam trabalhando ontem e assim vamos tentando nos equilibrar”, reiterou. A frota de veículos da Comurg inclui, além dos caminhões, 28 Saveiros e outros 13 carros pequenos, recuperados, adquiridos de outros órgãos. “Trabalhamos no limite, mas temos conseguido sobreviver. Com certeza, trabalharíamos com mais folga se tivéssemos mais caminhões”, reconheceu.

Macedo admitiu, em seu depoimento à CEI da Comurg, desvios de funções na Diretoria de Logística e também pagamentos em atraso com fornecedores – além do contrato de R$170 milhões, referente a combustíveis, há outro, de R$32 mi, referente a peças, e um terceiro, de R$3,7 mi, referente a pneus. Há dois meses, ele integra a Comissão do Compliance e recebe gratificação por isso. Segundo informou, ainda, à Comissão, todos os circuitos de coleta de lixo, na cidade, estão passando por reavaliação, com a finalidade de melhorar a prestação do serviço.  

Ao final da oitiva, os vereadores solicitaram, ao diretor de Logística da Comurg, cópias de atas das reuniões da Comissão do Compliance e do cronograma de pagamentos dos fornecedores, inclusive dos que se encontram em atraso. Nesta terça-feira (18), a partir das 14 horas, a CEI ouvirá Fabrício Sotto, gestor do contrato de R$ 170 milhões na área de combustíveis. 

Documentos não enviados

O presidente da Comissão, vereador Ronilson Reis, informou, na reunião desta segunda-feira, que a Comurg ainda não enviou resposta a oito requerimentos. Na avaliação dele, a empresa está dificultando o acesso dos parlamentares a documentos importantes. Ronilson destacou que duas prorrogações de pedidos já foram feitas, mas, mesmo assim, não houve retorno. “Nos enviaram aquele grande volume de documentos, mas não o que estamos requerendo”, destacou. “Isso é obstrução ao nosso trabalho”, acrescentou, frisando que, caso os vereadores não recebam os documentos solicitados, a CEI acionará a Procuradoria Jurídica da Câmara para providenciar um mandado de busca e apreensão. 

A Comurg ainda não enviou à Comissão de Inquérito os seguintes documentos: relatório do estágio atual e previsão de entrega das obras referentes às emendas impositivas parlamentares; relatório das obras referentes aos 14 Centros de Referência em Assistência Social (Cras) em contratos firmados no ano passado; cópia do organograma estrutural e administrativo da empresa; relatório de todos os órgãos colegiados que integram a Comurg; relatório sobre todos os servidores comissionados do órgão, nos últimos cinco anos; cópias de renegociação do contrato 151/2021; comprovantes de pagamentos adiantados e das movimentações financeiras da Comurg, incluindo empenhos, liquidações e outros; relatório da sindicância interna relacionada aos pagamentos em duplicidade ao Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas). *Com informações da Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Goiãnia