Acordo ainda precisa ser comprovado e homologado pela Justiça
Em depoimentos de negociação de delação premiada, o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, entregou à Polícia Federal o nome de duas pessoas supostamente envolvidas no crime.
Uma delas é Domingos Brazão, ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Segundo pessoas a par das investigações, Lessa apontou Brazão como mandante.
Outro nome citado nas “sessões” – termo utilizado pelotas agentes para se referir a um depoimento de negociação de delação – é Jomar Duarte Bittencourt Júnior, conhecido como Jomarzinho. Ele teria vazado informações sigilosas sobre a apuração do caso.
Domingos Brazão
O conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão, já foi delatado também por Élcio de Queiroz, ex-policial que está preso em Brasília. Brazão nega acusações e afirma não ter tido nenhum tipo de relação com Marielle Franco. “Eu não a conhecia, fui saber quem ela era depois do fatídico ocorrido”, diz Brazão em entrevista ao Canal Uol. Essas informações foram comprovadas e o acordo foi homologado pela Justiça. Essa é a única delação do caso até o momento. Queiroz também delatou, na parte que está sob sigilo, o contraventor Bernardo Bello.
Jomarzinho
Filho de um delegado da PF, Jomar Junior foi alvo de busca e apreensão pela PF em julho do ano passado, mesmo dia em que Maxwell Corrêa, o “Suel”, foi preso suspeito de participar do crime. A PF investiga a ligação entre Brazão e Jomarzinho, enquanto ambos frequentavam a Assembleia Legislativa de Rio (Alerj).
Versões
Em nota, a Polícia Federal informou que trabalha em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, ‘com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas’.
“Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário. As investigações seguem em sigilo, sem data prevista para seu encerramento”, explicou a PF.
O advogado de Ronnie Lessa disse não ter conhecimento da assinatura de uma delação e já ameaçou sair do caso se o cliente assinar acordo.
As defesas de Jomarzinho e Bernardo Bello não foram encontradas.
Posicionamento de Domingos Brazão na íntegra:
“Em razão das notícias veiculadas acerca do homicídio da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, Domingos Brazão esclarece que as informações que tem sobre o caso foram obtidas por meio de matérias jornalísticas.
Registra, ainda, que por mais de uma ocasião, pediu acesso à investigação, tendo seus pedidos sido negados, motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito.
Para além de tais informações, esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos.
Diante das especulações que buscam envolvê-lo no delito, destaca que as matérias apresentam razões inverossímeis para tentar lhe trazer para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso.
Por fim, coloca-se à disposição para todo esclarecimento e espera que os fatos sejam concretamente esclarecidos, de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo.” *Com informações da CNN
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